segunda-feira, 17 de maio de 2010

Terceiro Setor. Breve Panorama: Crescimento e Desfios.

Breve Panorama: Crescimento e Desafios
Aline Cristina Mendes*


As comunidades primitivas revelaram diversas formas de organizações cooperativas ao longo da história, como as guildas, as fraternidades, os cultos, as comunidades das cidades ou aldeias, que continuam hoje em dia.
Carvalho diz (1995:149): "A história escrita, desde Plutarco, tem sido uma coleção de narrativas de heróis. Com essas narrativas aprendemos que, se não fosse pela capacidade de homens extraordinários, que lideram os menos dotados, a humanidade estaria condenada. Entretanto, além da perspectiva da história escrita, as massas continuaram a se organizar em formas cooperativas – desde os hebreus, gregos, romanos, e mesmo antes deles. É como se houvesse duas histórias: a história escrita, das façanhas de poucos, e a história não escrita, da vida cooperativa de muitos. Conseqüentemente, dois princípios opostos têm sido utilizados para explicar as mudanças históricas. Eles são: o individualismo e a sociabilidade”.
A expressão “terceiro setor” é uma tradução do termo inglês third sector, que também é conhecido como nonprofit organizations (organizações sem fins lucrativos) e voluntary sector (setor voluntário.) Na Inglaterra se utiliza à expressão charities (caridades), da qual a origem deriva da obrigação religiosa das primeiras ações comunitárias. Outro termo freqüentemente utilizado, porém mais moderno e humanista, é philantropy (filantropia.).
Montaño diz que o terceiro setor envolve um número significativo de organizações e instituições – organizações não-governamentais (ONGs), sem fins lucrativos (OSFL), instituições filantrópicas, empresas “cidadãs”, sujeitos individuais (voluntários ou não) e até mesmo o Estado, pois este promove o terceiro setor na esfera financeira e legal. O termo foi construído de um recorte social, onde o Estado é considerado o “primeiro setor”; o mercado sendo o “segundo setor” e a sociedade civil o “terceiro setor”. Poderíamos considerar esse recorte um pouco reducionista, pois assim alegamos que o político pertencesse à esfera estatal, o econômico ao âmbito do mercado e o social apenas à sociedade civil.
Porém de acordo com Rifkin (APUD MONTAÑO, 2005: 54) o terceiro setor é na realidade o primeiro setor, pois historicamente é a sociedade que produz suas instituições, o Estado e o mercado, assim o terceiro setor seria na verdade o primeiro.
De acordo com Carvalho (1995:15) as organizações voluntárias da cidadania pertencem a dois tipos básicos de atividades:
a) as organizações comunitárias ou de base, que são organizações populares formadas a partir dos interesses comuns de um grupo (...) local de vizinhança ou de trabalho ou mesmo de atividades de tipo cultural ou de motivação tecnológica;

b) as organizações não-governamentais, (...) atuam em direção ao desenvolvimento de amplos grupos sociais.


Ao analisarmos suas ações no âmbito político, podemos visualizá-los em três tipos: as de âmbito local; as de âmbito regional-nacional e nacional-regional e as de âmbito transnacional. (CARVALHO, 1995: 15).
Em 1960 e 1970 as organizações não-governamentais (ONGs) cresceram na Europa Ocidental, visando promover projetos de desenvolvimento nos países de Terceiro Mundo. Estabelecendo parcerias com vários países e fazendo surgir as ONGs no hemisfério sul.
No século XVIII o termo “sociedade civil” surgiu na Brasil e na América Latina, com o objetivo de interagir com a sociedade. Segundo Albuquerque, “a sociedade civil também pode ser entendida como um conjunto de associações e organizações livres, não pertencentes ao Estado e não econômicas que, entretanto, têm comunicação com o campo público e com os componentes sociais”.(2006: 19)
Os movimentos associativos tiveram origem nos séculos XVI e XVII, com caráter religioso ou político, porém influenciadas pelos sistemas de governo e pelas políticas nacionais vigentes. Nos anos 1800 os movimentos associativos eram determinados pela Igreja e o Estado, causando uma participação massiva e politizada e uma hierarquia centralizadora e controladora.
Devido a Segunda Guerra Mundial, profundas mudanças ocorrem nas diversas áreas da vida social, como por exemplo, políticas, sociais e econômicas, gerando assim aumento da pobreza, da violência, de doenças, da poluição ambiental e de conflitos religiosos, étnicos, sociais e políticos. Em conseqüência, nos anos 1970, as organizações da sociedade civil atuaram fortemente na redemocratização dos países, com ações para o desenvolvimento comunitário e atividades de assistência e serviços nos campos de consumo, educação, saúde, entre outros.
Segundo Albuquerque as organizações do terceiro setor devem preparar-se e estar capacitadas para atender às necessidades e demandas futuras e crescentes que a sociedade lhes fará. As organizações sociais não devem querer substituir o Estado, mas sim, dar aos cidadãos, ao setor privado e ao Estado exemplos de como enfrentar os graves problemas sociais e econômicos dos países em desenvolvimento.
Carvalho aponta que as organizações do terceiro setor representam uma solução idealizada para a natureza de um conflito particular que a organização enfrenta e que naturalmente existem variações possíveis de cada tema principal. Elas podem cuidar de um ou vários problemas, como moradia, saúde mental, comunicação, alimentação, questão antinuclear, entre outros.
O terceiro setor torna-se o único meio que os cidadãos e trabalhadores modernos têm para superar a opressão agora presente em suas vidas diárias e em seus locais de trabalho.
De acordo com Montaño, “com tais pressupostos, o debate sobre o ‘terceiro setor’ desenvolve certas manifestações que se põem como promessas de uma vida melhor. Estas soam, aos ouvidos dos autores, defensores e alguns membros do ‘terceiro setor’, como um canto de sereia... que nos seduz e nos chama irreflexivamente para as obscuras profundezas do mar”. (2005:152)
O autor comenta que as ações do terceiro setor são importantes, pois mobiliza a sociedade contra a fome, miséria e outros problemas, porém aponta para um problema (2005: 18):“O problema é, primeiramente, ignorar que se tratam de ações emergenciais que, dando respostas imediatas e assistenciais, não resolvem a médio e longo prazos as causas da fome e da miséria, consolidando uma relação de dependência dessa população por estas ações. Por outro lado, o problema consiste em acreditar que nestas ações devem-se concentrar e esgotar todos os esforços reivindicatórios e as lutas sociais. Ao esquecer as conquistas sociais garantidas pela intervenção e no âmbito do Estado, e ao apostar apenas / prioritariamente nas ações dessas organizações da sociedade civil, zera-se o processo democratizador, volta-se à estaca zero, e começa-se tudo de novo, só que numa dimensão diferente: no lugar de centrais lutas de classes, temos atividades de ONGs e fundações; no lugar da contradição capital / trabalho, temos a parceria entre classes por supostos “interesses comuns”; no lugar da superação da ordem como horizonte, temos a confirmação e “humanização” desta”.


Os valores do terceiro setor são altruísmo, compaixão, sensibilidade para com os necessitados e compromisso com o direito de livre expressão. Ou seja, é um conjunto de instituições que encaram os valores da solidariedade e os valores da iniciativa individual em favor do bem público.


Crescimento e Desafios

As organizações que compõem o “terceiro setor” têm características comuns:
Os bens e serviços públicos resultam da atuação do Estado e de várias iniciativas particulares.

Incentivam os interesses coletivos para uma iniciativa individual.

Realçam o valor político e econômico das ações voluntárias.

Enfatizam a complementação entre ações públicas e privadas. (ALBUQUERQUE, 2006:19).



De acordo com o Handbook on Nonprofit Institutions of National Accounts (Manual sobre as Instituições sem fins lucrativos no Sistema de Contas Nacionais) as características e critérios para denominar entidades parte do “terceiro setor” são:

Devem estar organizadas formalmente, com estabilidade e distinguindo sócios de não-sócios.

São privadas e separadas institucionalmente do governo.

São auto-administradas ou capaz da própria administração das atividades.

Não distribuem lucros a seus proprietários ou administradores.

Têm alto grau de participação cidadã ou do voluntariado (ALBUQUERQUE, 2006: 19 e 20).


O estudo Global civil society – Dimensions of the Nonprofit Sector aponta os seguintes desafios para as organizações do terceiro setor neste início de século XXI:

a) América Central e Oriental

Melhorar a legitimidade das organizações.

Treinar e capacitar os profissionais e voluntários atuantes nas organizações.

Desenvolver recursos humanos, físicos e materiais.


b) Países Desenvolvidos

Renovar as estratégias.

Garantir efetividade e responsabilidade financeira (accountability.).

Ampliar o apoio ao terceiro setor.

Promover a integração internacional levando em conta a globalização.


c) América Latina

Tornar o terceiro setor uma realidade.

Treinar e capacitar os profissionais e voluntários atuantes nas organizações.

Formar parcerias com o governo e o setor privado. (ALBUQUERQUE, 2006: 23-24).



Segundo estudo comparativo da Johns Hopkins University o crescimento do terceiro setor ocorrido nos últimos anos se deve:

À amplitude e gravidade do que se chamou “crise do Estado”.

Ao aumento do número, da abrangência e das áreas de atuação das organizações do terceiro setor.

Ao “Consenso de Washington” que pregava que os problemas atuais dos países desenvolvidos e em desenvolvimento seriam resolvidos por meio do fomento ao mercado privado. (ALBUQUERQUE, 2006: 25).


Outros fatores macroeconômicos e sociais que influenciaram no crescimento do terceiro setor são:

Terceira revolução industrial.

Revolução das comunicações.

Mudança da agenda de financiamento internacional. (ALBUQUERQUE, 2006: 26).



A Situação do Terceiro Setor

Devido à eficiência e a importância do trabalho desenvolvido pelo terceiro setor, que sindicatos, associações, movimentos, redes sociais, igrejas, órgãos governamentais e universidades formam parcerias para auxiliar o terceiro setor em programas, projetos, seminários e campanhas.
De acordo com o relatório da Johns Hopkins University, o setor sem fins lucrativos emprega 19 milhões de pessoas, gerando recursos de US$1,1 trilhão em todo mundo.
Segundo Andrés Falconer (APUD ALBUQUERQUE, 2006: 34-35) as organizações do terceiro setor podem ser definidas como:

Igrejas e Instituições Religiosas

Organizações Não-Governamentais e Movimentos Sociais

Empreendimentos Sem Fins Lucrativos

Fundações Empresariais



Financiamento no Terceiro Setor
As organizações do terceiro setor constituídas como associações são entidades sem finalidade econômica, entretanto, é permitida a atividade econômica, desde que haja circulação de bens e direitos de forma onerosa não gerando ou distribuindo lucro.
Segundo Szazi (APUD ALBUQUERQUE, 2006: 43), “é patrimônio destinado a servir, sem intuito de lucro, a uma causa de interesse público determinada, que adquire personificação jurídica por iniciativa de seu instituidor”.
As formas de apoio e financiamento das atividades podem ser categorizadas da seguinte maneira (ALBUQUERQUE, 2006: 49-50):

ESPÉCIE - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Auxílios

Derivam da Lei do Orçamento e se destinam a entidades de direito público ou privado sem finalidade lucrativa.


CONTRIBUIÇÕES

São concedidas em virtude de lei especial e se destinam a atender o ônus ou encargos assumidos pela União.

SUBVENÇÕES

Destinam-se a cobrir despesas de custeio de entidades públicas ou privadas e podem ser: A) Econômicas: concedidas a empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril, mediante autorização expressa em lei especial. B) Sociais: concedidas, independentemente de legislação especial, a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural sem finalidade lucrativa que visem à prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional. O valor da subvenção, sempre que possível, é calculado com base em unidade de serviço efetivamente prestado ou posto à disposição dos interessados.



CONVÊNIOS, ACORDOS OU AJUSTES

Meios jurídicos para execução de serviços de interesse recíproco dos órgãos e entidades da administração federal e de outras entidades públicas ou particulares, sempre em regime de cooperação. Portanto, há aporte de recursos de ambas as partes – não é exigido apenas recurso financeiro. O convênio autoriza a aquisição de equipamentos e matérias permanentes, mas sua destinação deve estar predeterminada.


CONTRATOS

Pressupõem, de um lado, o interesse do poder público na aquisição de bem ou serviço e, de outro, o recebimento de uma importância em dinheiro. Devem respeitar as regras das licitações. No caso das organizações do terceiro setor, alguns entendem que é possível adotar uma das modalidades da licitação, a de convite, para evitar restrições aos destinos dos recursos na entidade contratada.


TERMO DE PARCERIA

Criado para atender às entidades que desenvolvem projetos conjuntos com o Estado e sofriam com a burocracia e as restrições dos convênios no tocante à sua duração limitada, impossibilidade de contratação de mão-de-obra adicional e relatórios formalistas. Essa nova modalidade traz inovações: pode ter período superior ao exercício fiscal, estipula metas e resultados a ser atingidos, fixa critérios de avaliação, estabelece obrigatoriedade de auditoria independente para valores superiores a R$600 mil e elaboração de cronograma físico-financeiro, entre outras.


CONTRATOS DE GESTÃO
Embora chamados de contratos, aproximam-se dos convênios, já que prevêem a destinação de recursos para entidades sem fins lucrativos controlada pelo Estado sem que haja processo licitatório, além de pressupor cooperação mútua e interesse recíproco. Como as organizações sociais são originárias da transformação de fundações públicas, esta modalidade criada em 1998 é um meio de flexibilizar o fluxo de recursos dentro do Estado, não sendo acessível às organizações do terceiro setor.


Também é permitida a doação de pessoas físicas para entidades, mesmo as de utilidade pública, porém sem qualquer vantagem fiscal. De acordo com a Consulting Ogilvy One Worldwide (ALBUQUERQUE, 2006: 96) os perfis dos doadores podem ser determinados da seguinte maneira:

· Pró-ONGs: contribuem espontaneamente com diversas organizações sem qualquer solicitação e normalmente são sócios contribuintes de mais de uma ONG.

· Colaboradores: pessoas que, além de contribuir, participam ativamente das ações e atividades das ONGs e são normalmente sócios de uma única organização.

· Sem fidelidade exclusiva: têm o hábito de contribuir com uma organização, mas sentem-se livres para fazer o mesmo com outras entidades.

· Eventuais: pessoas que se mobilizam diante de grandes calamidades e doam a qualquer organização que canalize ajuda pra esse fim.

· Telemaratonianos: parecidos com os eventuais, mas colaboram devido a um envolvimento emocional provocado por campanhas desencadeadas pelas redes de rádio e TV.

O trabalho de captação de recursos era realizado de forma voluntária, apenas de acordo com o tempo disponível de seus fundadores. Entretanto, houve um aumenta na visibilidade das organizações de terceiro setor e no trabalho, causando limitações por falta de recursos físicos, humanos ou financeiros. Somente a partir disto que a captação de recursos passou a ser maior e a ser considerada uma necessidade.
A captação de recursos traz algumas vantagens além dos recursos, como por exemplo, a ampliação da base social ou do número de pessoas envolvidas; o aumento do número de voluntários; o aumento de credibilidade e a alavancagem de projetos.
O processo de captação e mobilização de recursos é relativamente complexo e demanda tempo e organização da instituição. Ao incentivar e mobilizar doadores vê-se necessário seguir algumas regras básicas, como por exemplo, a necessidade deve estar clara e apresentada de forma convincente; as pessoas desejam ajudar e são mobilizados ao ver nos noticiários casos de incêndios em favelas, secas, enchentes, terremotos ou maremotos; é preciso que as pessoas compreendam o valor desses programas e a importância vital das doações, por isso é um erro fazer um pedido modesto, pois assim se subestima a capacidade e vontade do doador; é importante pedir o apoio de alguém que seja do meio em que o recurso está sendo solicitado e, por último, é importante que a entidade reconheça e agradeça aos seus doadores e crie oportunidades e meios para que eles compreendam e valorizem ainda mais o trabalho que a sua contribuição ajudou a tornar realidade. (ALBUQUERQUE, 2006: 98-100).


Gestão nas Organizações do Terceiro Setor


Segundo Albuquerque (2006: 111):“Ao observarmos os inúmeros projetos, programas e iniciativas desenvolvidas por governos, organismos ou organizações internacionais e do terceiro setor, verificamos que há preocupação, ao menos teóricas, com transparência, participação democrática, descentralização, utilização dos recursos humanos, materiais e financeiros existentes na comunidade em que a ação se desenvolve, e criação de ações sustentáveis do ponto de vista sociambiental. Para que consigam alcançar esses princípios e diretrizes, as instituições públicas ou privadas envolvidas acabam por criar, desenhar e desenvolver diferentes formas de gestão.
Não há modelo ou receita do melhor ou mais eficiente sistema de gestão a ser aplicado nos programas, projetos e atividades desenvolvidos pelos diferentes agentes sociais. Independentemente do modelo a ser construído e aplicado, é fundamental que os princípios mencionados estejam presentes se busca um mundo sustentável – e essa é, em termos gerais, a missão de inúmeras organizações multilaterais, internacionais e do terceiro setor.”


Para que as organizações do terceiro setor tenham um bom funcionamento e cumprimento de suas missões e objetivos vê-se necessário uma gestão adequada. O terceiro setor precisa ser gerido do ponto de vista de recursos humanos, financeiros e materiais para desenvolver seus projetos e programas, estabelecer parcerias e conseguir sustentabilidade.
Para que essas organizações obtenham sucesso na gestão, todos os órgãos, instâncias, setores, departamentos, conselheiros, funcionários, apoiadores e parceiros precisam estar envolvidos, pois têm o papel e responsabilidade de tornar a organização em uma instituição bem administrada.
Primeiramente as partes envolvidas devem analisar o ambiente interno e externo e os pontos fracos e fortes de cada um.

Ambiente Interno Pontos Fracos

Quais os pontos fracos da organização no que se refere à gestão, estrutura, recursos humanos, materiais, financeiros, de voluntários?

De que forma esses fatores podem prejudicar a eficácia da organização no exercício de suas atividades e no desenvolvimento de suas causas?

Como esses fatores devem ser enfrentados? Que recursos são necessários para isso?

Quais desses fatores podem ser solucionados sem a necessidade de apoio externo? E quais necessitam desse tipo de apoio?

De que forma esses fatores podem ser resolvidos ou equacionados em curto, médio e longo prazo?


Ambiente Interno Pontos Fortes

Quais os pontos fortes da organização no que se refere à gestão, estrutura, recursos humanos, materiais, financeiros, de voluntários?

De que forma esses fatores podem melhorar a eficácia da organização no exercício de suas atividades e no desenvolvimento de sua causa?

Quais desses fatores podem ser potencializados em benefício da imagem e da melhoria da qualidade do trabalho da organização?

De que forma esses fatores podem ser potencializados em curto, médio e longo prazo?

Que fatores podem representar oportunidades de crescimento para a organização?


Ambiente Externo Ameaças

Que fatores macroambientais de natureza social, econômica, cultural e política podem prejudicar a organização, a causa que defende e a ação que pretende desenvolver?

Há dificuldades concretas para a ampliação de atendimento aos beneficiários, para a composição de forças no mercado social e para o aumento de públicos provedores e financiamentos?

Quais são essas dificuldades? Podem ser enfrentadas ou a organização necessita adaptar-se a elas? Como devem ser solucionadas? Com que tipo de recursos?

Como os beneficiários percebem a organização? Ela realiza pesquisas e sondagens (ainda que informais) para avaliar a percepção e o nível de satisfação dos beneficiários e dos provedores e financiadores?

Quais são os “concorrentes”? Eles têm mais parceiros? Contam com mais financiadores? São mais auto-suficientes?

Quais as fontes de financiamento da organização? Tais fontes têm aumentado ou diminuído nos últimos anos? Qual o grau de dependência a essas fontes de financiamento (existe um grande financiador responsável pela maior parte do orçamento)?



Ambiente Externo Oportunidades

Que fatores macroambientais de natureza social, cultural, econômica e política podem favorecer a organização, a causa que defende e a ação que pretende desenvolver?

Há facilidades concretas para ampliação do atendimento aos beneficiários, para o crescimento do número de parceiros e para o aumento de provedores? Como esse crescimento pode ser potencializado?

Existe alguma nova parceria em vista que pode representar aumento de visibilidade da organização no mercado social?

Há alguma possibilidade concreta de aumento das fontes de financiamento? Quais são as melhores oportunidades? (ALBUQUERQUE, 2006: 61-63).


O primeiro passo ao se estabelecer à missão e o projeto é identificar os interessados no projeto, os influenciados por ele e que possam se envolver com a iniciativa. Segundo o referido autor (2006: 66), a organização e seus membros devem responder às seguintes perguntas:

Quem são as pessoas a quem se deseja ajudar?

Que tipo de problemas sofrem?

Que necessidades identificadas precisam ser atendidas?

Que necessidades a entidade pode preencher?

Ao final, que efeito se pretende obter sobre o público-alvo?

Como essas idéias podem ser expressas numa frase?



Nas organizações do Terceiro setor os líderes e membros compartilham a autoridade na administração de cada unidade básica na estrutura governamental. Segundo Fromm (APUD CARVALHO, 1995:123), as organizações do terceiro setor são “organizações nas quais todos os membros passam por um processo de auto-emancipação como grupo e como indivíduos. No desenrolar desse processo de auto-emancipação todo trabalhador se beneficia com o crescimento de todos, portanto a “riqueza” do grupo pertence a cada um em particular e ao mesmo tempo a todos”.


Organizações Não Governamentais

As ONGs atuam no sentido de formar uma governabilidade global, permitindo a inferência de novas territorialidades. Carvalho diz, “As ONGs não somente se generalizam como modo de organização, mas transformaram-se em nova forma de governo das massas contemporâneas”. (1995:16).
Segundo rferida autora, “como medusas, essas ONGs solidárias pensam os problemas a norte e a sul, a leste e a oeste, investindo um esforço espacial e de capital mínimo, sendo a informação e a participação seus recursos máximos”. (1995:21) As ONGs formam-se para a defesa dos direitos humanos dos trabalhadores ou dos consumidores.
É importante lembrar que as ONGs provêm de iniciativas da cidadania, dos trabalhadores e de grupos culturais e agregam uma multiplicidade de temas, a diversidade econômica, cultural, política e social.
De acordo com Carvalho todas as organizações não-governamentais podem eventualmente levar as pessoas à liberdade:“As organizações autogovernadas envolvem uma filiação voluntária, livremente associada com o objetivo da organização, e limitada pela solidariedade entre companheiros. Organizações como essas têm de tratar com um ambiente imprevisível e são caracterizadas por estruturas muito flexíveis, a fim de constantemente se ajustarem à sua imprevisibilidade. Têm centros múltiplos de contato, mutuamente se influenciando o tempo todo. São organizações nas quais o aprendizado e a autoridade, a participação e o controle são a mesma coisa. São organizações regidas pelo princípio de que as pessoas que pertencem a uma organização têm o direito de decidir sobre todos os assuntos principais relacionados com a organização.” (1995:41)

Ltras argüi (APUD MONTAÑO, 2005: 150) que as “ONGs desviam a atenção das causas da pobreza e das suas soluções (olhando para baixo e para dentro, em vez de olhar para cima e para fora), sem conseguir ir além do sintoma superficial; assim, continua, a estrutura e natureza das ONGs, com sua postura ‘apolítica’ e o seu enfoque na auto-ajuda, despolitiza e desmobiliza os pobres”.


Trabalho Voluntário

O trabalho não remunerado é exercido por voluntários. O trabalho voluntário não gera vínculo empregatício nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciárias. O voluntariado não pode ser imposto ou exigido como contrapartida e algum benefício prometido pela entidade; deverá ser gratuito; ser prestado pelo indivíduo isoladamente e ser prestado a entidade governamental ou privada sem fins lucrativos e voltada para objetivos públicos.
Segundo Rosanvallon (APUD MONTAÑO, 2005: 113) é necessário “reinserir a solidariedade (voluntária) na sociedade. Dito de outra forma, a solidariedade social, supostamente usurpada pelo Estado-providência, e transformada em coisa automática, compulsória, obrigatória, que ofusca as relações sociais dada intermediação do Estado e que não atende às particularidades de cada segmento social, deve deixar lugar à nova solidariedade voluntária e direta. Com isto, a sociedade tornar-se-ia mais densa, voltada para si mesma, com indivíduos inseridos voluntariamente em ‘redes de solidariedade direta’”.
Porém, segundo o referido autor, para que esta realidade possa ser verdade é necessário que a população tenha mais tempo livre. As atividades solidárias são feitas somente durante o tempo livre, ou seja, o ócio criativo.



Bibliografia

ALBUQUERQUE, Antonio Carlos Carneiro. Terceiro Setor: História e Gestão de Organizações. Summus Editorial. São Paulo, 2006. 1ª edição.

ALLAHYARI, Rebecca Anne. Visions of Charity: Volunteer Workers and Moral Community. University of Califórnia Press. Califórnia: EUA, 2000. 1ª edição.

CARVALHO, Nanci Valadares. Autogestão: O Nascimento das ONGs. Editora Brasiliense. São Paulo, 1995. 2ª edição.
FILANTROPIA.ORG. http://www.filantropia.org/OqueeTerceiroSetor.htm (fev., 2007)

GODBOUT, Jacques. O Espírito da Dádiva. Éditions La Découverte. Paris: França, 1992.

HYBELS, Bill. A Revolução no Voluntariado: Por que as Pessoas fazem do Servir ao Próximo sua Razão de Viver. Editora Mundo Cristão. São Paulo, 2004. 1ª edição.

MARTINS, Paulo Henrique e Brasilmar Ferreira Nunes. A Nova Ordem Social: Perspectivas da Solidariedade Contemporânea. Paralelo 15. Brasília: DF, 2004.

MONTAÑO, Carlos. Terceiro Setor e Questão Social: Críticas ao Padrão Emergente de Intervenção Social. Cortez Editora. São Paulo, 2005. 3ª edição.

OPERAÇÃO MOBILIZAÇÃO, www.operationmobilization.com

TSUGUMI, Neide Yoko. Inclusão Social no Mercado de Trabalho e Hospitalidade. Dissertação de Mestrado ao programa de Hospitalidade. Universidade Anhembi Morumbi. São Paulo, 2006.

* Aline Cristina Mendes é bacharel em Hotelaria pela Universidade São Marcos e Mestranda em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi. Possui trabalhos realizados na área de Patrimônio Intangível e Terceiro Setor, além de participação nos congressos da ANPTUR2007 e no III Encontro Científico da Anhembi Morumbi.

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